I João - Capítulo 1

v.1 - “O que era desde o princípio”. João fala da pré-existência (eternidade do Senhor). Ele não fala de algo do momento, inventado ou meramente humano. Ele fala do Cristo eterno que é o princípio e o fim. No Apocalipse ele menciona o evangelho eterno (Ap 14.6). Esse que sempre existiu tornou-se acessível: “ouvimos”, “vimos”, “contemplamos”, “nossas mãos apalparam”. Jesus se encarnou e viveu entre nós (Jo 1.14). “Proclamamos”. A vida que se manifestou foi proclamada pelos primeiros discípulos e deve ser proclamada por nós hoje para aqueles que estão perto e longe.

v.2 - “dela testemunhamos”. Os apóstolos testemunhavam do que tinham visto. “A vida eterna”. Ele falava da vida eterna que estava com Deus o Pai mas que foi manifestada, revelada, tornada visível e palpável a nós.

v.3 - “para que vocês também”. João quer que aqueles irmãos e nós também experimentemos do que ele e os outros já tinham experimentado. Nossa fé não é de segunda categoria. O que os primeiros cristãos receberam, está disponível a nós também. Isso implica em comunhão. A vida eterna que se manifestou em Jesus nos leva à comunhão com o Pai, com seu Filho Jesus Cristo e também com os irmãos.

v.4 - “para que a nossa alegria seja completa”. O resultado de tudo isso é uma completa alegria. A verdadeira e plena alegria só acontece quando experimentamos a vida que se manifestou em Jesus.

v.5 - “Esta é a mensagem que dele ouvimos”. O autor deixa claro que a mensagem que transmite foi ouvida do próprio Jesus. Ele não estava inventando nada de si mesmo. A mensagem é que “Deus é luz; nele não há treva alguma”. Quando se diz que Deus é luz, significa dizer que Deus é santo, puro, justo e todos os demais atributos de Deus cabem nessa expressão. Nele não existe nada que comungue com o pecado, com o mal. Deus é todo puro e perfeito. Nele não há nada que seja injusto, leviano, abusivo e contrário à ordem e a decência. Isso deve nos fazer confiar nesse Deus sem medo, pois ele é totalmente confiável.

v.6 - “Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade”. Ter ou não ter comunhão com Deus deve ser tão distinto quanto a luz das trevas. E não basta falar que vive para Deus se na prática se vive nas trevas do pecado. Trevas aqui significa o mal, o pecado, a imoralidade e tudo o mais que contraria a natureza de Deus. Há uma grande diferença entre confissão e contrição, entre afirmação oral e vida moral. Falar a verdade e não praticar a verdade, é viver na mentira.

v.7 - “Se, porém”. Não precisamos andar nas trevas, podemos andar na luz como Deus está na luz. É possível viver com e para Deus. Uma evidência disso, é que temos comunhão uns com os outros. Não existe santificação sem comunhão. Enquanto andamos na luz da comunhão com Deus e mantemos comunhão com os irmãos, o sangue de Jesus, o Filho de Deus, vai nos purificando de cada pecado. A purificação espiritual pelo sangue de Jesus nos possibilita viver em comunhão vertical (com Deus) e horizontal (com os irmãos). Quem vive na luz se relaciona bem com Deus e com as pessoas.

v.8 - “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós”. É interessante observar que o mesmo Deus que é luz e todo santo e que quer nos purificar de todo pecado, não nos faz negar que pecamos. Isso me parece muito coerente. Não vencemos o pecado negando que o praticamos, pois ele está em nós inconfundivelmente. O que precisamos é admitir que pecamos, buscar ajuda dos outros e em Deus especialmente, e, pela graça e poder de Deus viver o estilo de vida que ele estabeleceu para nós em sua Palavra - a Bíblia. A verdade está em mim, não é quando escondo os meus pecados, mas quando os exponho à luz para dissipá-los, pois o pecado é como os insetos, gostam das trevas.

v.9 - “Se confessarmos os nossos pecados”. O pecado só sai de nós pela boca, ou seja, pela confissão. Esse versículo da Bíblia é o sabão do crente. Confessar é falar a coisa como ela realmente é, no varejo e não no atacado, reconhecendo a gravidade do pecado e decidido a não cometer os mesmos erros. O grande sinal do arrependimento é não voltar a fazer as mesmas coisas que confessei. “Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados”. Ele (Deus) é fiel em cumprir sua promessa em perdoar a quem confessar a ele os seus pecados. Ele é justo, pois não admite o pecado e o puniu em Jesus. “…e nos purificar de toda injustiça”. Ele perdoa nossos males e nos limpa, nos torna puros de tudo o que fizemos ou deixamos de fazer de forma injusta.

v.10 - “Se afirmarmos”. Pela terceira vez aparece essa expressão neste capítulo. Fazer confissões ortodoxas sem a prática da verdade, pode ser pleno engano. Negar que temos cometido pecado é um engano (v.6), e fazemos de Deus um mentiroso, pois ele afirma que cometemos pecados. Com essa atitude demonstramos claramente que a palavra de Deus não está em nós, pois o primeiro passo para andar na luz, é sair das trevas. Quem assim não procede, é porque não sabe onde está.