I João - Introdução

Toda a Bíblia é inspirada por Deus (2 Tm 3.16). Crer nisso é fundamental para quem ler e estuda as Escrituras Sagradas. Junto disso vem a certeza da salvação. É muito difícil alguém desenvolver-se em qualquer coisa sem certeza do que está fazendo e da finalidade que tem. Com isso quero dizer ser necessária a certeza da salvação para o bom progresso da vida cristã.

A maneira mais adequada para adquirir essa certeza, é lendo a Bíblia - a Palavra de Deus. Está escrito que “a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Rm 10.17). A primeira carta de João foi escrita com esse propósito: “Escrevi-lhes estas coisas, a vocês que crêem no nome do Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna” (1 Jo 5.13).

É aconselhável que essa carta seja lida várias vezes para que seu conteúdo seja melhor assimilado. Depois de seis ou sete leituras seguidas, o entendimento do livro será outro. É importante também fazer anotações no rodapé ou nas margens da Bíblia enquanto ler, além de parar a leitura para momentos de meditações. Digo mais: Leia seguidamente essa carta até que tenha pessoalmente de forma convicta, a certeza da salvação, caso isso ainda não tenha ocorrido.

O nome do autor não é mencionado na carta. Então, não há nenhuma necessidade a priori de afirmar sua autoria, mas desde o princípio da história da Igreja, João, o apóstolo, filho de Zebedeu é reconhecido como seu autor. A tradição diz que João viveu em Jerusalém até a destruição dessa cidade. Depois disso ele fixou residência em Éfeso (atual Turquia), de onde provavelmente escreveu por volta do ano 90 A. D. e viveu ali até idade avançada. Éfeso era o maior centro cristão da Ásia Menor.

João escreveu com o objetivo de enfatizar os pontos essenciais do Evangelho, e alertar a igreja contra heresias que começavam a se infiltrar entre os cristãos com a intenção de corromper o ensino sadio do Evangelho de Cristo. Surgia naqueles dias um movimento religioso e filosófico chamado Gnosticismo. Ele tinha um perfil sincrético e esotérico, combinando misticismo e especulação filosófica. Esse movimento valorizava o intelectualismo e depreciava o corpo. Achava que espírito e corpo são irreconciliáveis, que o pecado habita apenas na carne, e que no espírito (mente), acontecia as experiências místicas e arrebatadoras. Era defendido o dualismo entre um corpo depravado e uma mente “espiritual”. A encarnação de Cristo não era aceita, pois ele era visto apenas como um homem aparente, uma espécie de fantasma. Esse era um movimento contrário ao Evangelho.

João escreve essa epístola conhecida como a primeira carta de João. Foi escrita como um documento circular para todas as igrejas da Ásia. Certamente ele tinha em mente aqueles hereges gnósticos, pois defende exatamente as verdades negadas por eles. João escreve sobre o conhecimento do Cristo encarnado como sendo o fundamento para uma vida regenerada e santa. Jesus é a manifestação de Deus aos homens em carne humana. Deus se tornou homem e habitou entre nós.

O velho apóstolo escreveu cinco livros do Novo Testamento: O Evangelho de João, I, II, III João, e o Apocalipse. A primeira epístola é uma seqüência do Evangelho. A palavra “crer” é comum no Evangelho, como é comum a palavra “saber” na carta. O Evangelho foi escrito para crermos no Senhor e Salvador Jesus Cristo: “Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (Jo 20.31). Já a carta foi escrita para que saibamos que temos a vida eterna: “Escrevi-lhes estas coisas, a vocês que crêem no nome do Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna” (1 Jo 5.13).