Cinco sinais vitais de um casamento saudável

Desde o 3º Retiro de Casais da Igreja Reencontro realizado em maio passado, estamos estudando o livro do Dr. Gary Smalley – “Fazendo o amor durar para sempre”, publicado no Brasil pela LifeWay.

Hoje a noite realizamos o segundo encontro de casais da igreja depois do retiro. Nosso programa de casais da igreja acontece da seguinte maneira: fazemos o retiro de casais no mês de maio. Depois do retiro realizamos encontros de casais uma vez por mês até dezembro. Depois disso, fazemos um recesso até o próximo retiro.

No encontro de hoje tivemos um breve mas edificante período de louvor, e foi feita uma dinâmica entre os casais pela minha esposa. Em seguida alguns casais falaram de seus casamentos, homenagearam-se e testemunharam das experiências. Depois fizemos uma reflexão abordando os cinco sinais vitais de um casamento saudável. Antes de falar de um casamento saudável, é importante perceber o que não é um casamento saudável. Uma relação conjugal não-saudável implica em pelo menos duas coisas: 1) Excessiva distância entre os cônjuges, e, 2) excessivo controle de uma das partes. Quando isso acontece em um casamento, certamente esse casal não tem um relacionamento saudável. Por outro lado, podemos vislumbrar sinais vitais de um casamento saudável:

1. Segurança em pensar por si mesmo. Nós somos o que pensamos. Quando não podemos expressar o que pensamos, deixamos de ser o que somos. Isso é uma das piores espécies de escravidão. A triste verdade é que muitos cônjuges vivem esse estilo de vida no casamento. Há muito tempo deixaram de expressar suas idéias devido a constante rejeição por parte do outro cônjuge. Algumas pessoas se transformam depois de alguns anos de casamento. Gente extrovertida, comunicativa e alegre, vira gente pacata, calada e triste. São pessoas cansadas de serem boicotadas em suas idéias. Por isso, optaram pelo ostracismo. Mas, num casamento saudável os cônjuges têm a liberdade de pensar por si mesmos sem manipulação ou rejeição de nenhuma das partes. Isso cria um ambiente de segurança entre o casal e em cada um por si. Quando o casamento oferece essa segurança no campo das idéias, fica mais fácil ocupar a mente com o que é verdadeiro, nobre, correto, puro, amável, e tudo o mais de bom (Fp 4.8).

2. Ter a certeza que as nossas palavras serão valorizadas. Poder pensar por si mesmo é também poder falar, sabendo que nossas palavras serão valorizadas pelo nosso cônjuge. Precisamos aprender a ouvir dando atenção de qualidade ao nosso cônjuge. A Bíblia diz: “Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se” (Tg 1.19). Muitas vezes fazemos exatamente o contrário disso. Não sabemos ouvir, falamos demais e facilmente nos iramos. Um casamento assim não é saudável. Pouca gente reconhece que a comunicação é uma das áreas mais importante do casamento. Só que nos comunicamos de várias maneiras, inclusive com o silêncio. Calar parece ser a melhor opção, quando as nossas palavras não são valorizadas pelo nosso cônjuge. Valorizar as palavras do outro não significa concordar com tudo o que é dito, mas sim que as palavras da pessoa que nos fala são respeitas e reconhecidas como expressão de uma vontade.

3. Segurança em compartilhar os sentimentos. Os nossos sentimentos são a parte de nossa vida que mais nos envolvem. De certa forma, somos o que sentimos. Quando os nossos sentimentos são rejeitados, nossa tendência é nos fecharmos. Daí por diante ficamos apenas no campo das coisas e dos acontecimentos externos. É uma pena que muitos casais vivem uma relação conjugal que não passa do periférico. Esses casais conversam sobre tudo, menos sobre os sentimentos uns dos outros. A relação fica tão superficial que não se percebe qualquer clima de intimidade e confidencialidade. Nesses casos, o romantismo é algo desconhecido e a superficialidade é a marca registrada. Não é assim que um casal saudável vive. Quando o casamento tem saúde, existe intimidade, transparência e a facilidade em expressar o que se sente, pois existe a certeza da compreensão, do respeito e da saudável cumplicidade do outro.

4. Conexão significativa. Agostinho disse uma vez que quando Deus viu que o homem estava só, ele não fez dez amigos para Adão, mas lhe fez uma esposa. Com essa citação quero dizer que nosso cônjuge deve ser a pessoa mais amiga e querida que temos. Não posso perder de vista que minha esposa é também minha amiga, irmã e cúmplice. Numa relação saudável, existe o compartilhamento dos sentimentos mais profundos, e o entusiasmo mútuo em ficar juntos depois de um dia de atividades e compromissos. Gostar de estar junto do cônjuge é um bom sinal de saúde conjugal. Nessa junção prazerosa deve haver liberdade mútua em ser o que cada um é em si mesmo. Não é sem razão que às vezes ouvimos alguém dizer que está casado mas vive separado. O casamento pode ser oficial e documentado, mas a vivência é divorciada por falta de qualidade conjugal. Então, não basta estar casado para que os de fora nos vejam, é preciso viver casado no coração, nas emoções e na convivência comum da vida conjugal.

5. Os limites pessoais são respeitados. O casamento não nos dissolve no outro. Casar não é fundir-se no cônjuge. Nossa identidade e individualidade não se acabam quando casamos. Com isso quero dizer que no casamento temos limites e particularidades que devem ser respeitados pelo nosso cônjuge. É bem sabido que os opostos se atraem. O que nos fez casar com quem casamos não foram apenas as semelhanças, talvez bem mais as diferenças. O problema é que quando casamos, queremos eliminar no outro as diferenças que ele ou ela tem da gente e lutamos para que ela seja como nós ou pelo menos como queremos que seja. Quando deixamos de honrar o cônjuge pelo que ele é, nos empenhando em transformá-lo em nosso modo preferível, o casamento perde sua qualidade e muitas vezes sua razão de ser. Não casamos para transformar o outro no que queremos, mas para viver com alguém diferente de nós.

Conclusão. Deus nos ajude a construir um casamento de verdade. Que não exista distâncias entre os cônjuges, que ninguém se sinta manipulado pelo esposo ou esposa; que a liberdade de pensar e falar o que se acha da vida que se vive seja mantida; que ninguém morra por dentro para vegetar por fora por não poder expressar seus sentimentos; que a companhia conjugal seja um prazer, não apenas um dever; que nossos limites sejam respeitados sem diminuir a unidade inerente da vida a dois.