Por que, como e quando Deus criou o universo? Ele criou cada espécie de planta e animal distintamente ou usou um processo evolutivo? Em quanto tempo Deus realizou a criação? Tudo foi criado em seis dias comuns ou será que usou milhares ou milhões de anos? Qual a idade da terra, e qual a idade da raça humana?
Uma definição para a doutrina da criação diz: “Deus criou todo o universo do nada; este era originariamente muito bom, e ele o criou para glorificar a si mesmo”.
A. DEUS CRIOU O UNIVERSO DO NADA
1. Provas bíblicas da criação a partir do nada. Deus criou tudo do nada. No universo não existe matéria eterna. Antes da criação nada existia além do próprio Deus (Gn 1.1; Sl 90.2). A Bíblia diz: “Mediante a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca. Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo surgiu” (Sl 33.6, 9). A Bíblia ainda diz: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele (Jesus); sem ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1.3; At 17.24; Hb 11.3). Deus criou o mundo do nada com sentido e propósito. Um desses propósitos é nos proporcionar satisfação (1 Tm 6.17).
2. A criação do universo espiritual. A criação do universo, inclui um reino de existência invisível e espiritual. A Bíblia diz: “Só tu és o SENHOR. Fizeste os céus, e os mais altos céus, e tudo o que neles há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles existe. Tu deste vida a todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram” (Ne 9.6). O Novo Testamento diz que em Cristo “foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16).
3. A criação direta de Adão e Eva. A Bíblia diz: “Então o SENHOR Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2.7). Depois disso, Deus criou Eva do corpo de Adão: “Então o SENHOR Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a costela que havia tirado do homem, o SENHOR Deus fez uma mulher e a levou até ele” (Gn 2.21-22).
4. A criação do tempo. Deus criou o tempo (a sucessão de momentos consecutivos). Não devemos pensar que antes da criação Deus existisse ao longo de uma infindável extensão de tempo. Ele tem uma existência diferente da nossa. (Veja Jó 36.26; Sl 90.2, 4; Jo 8.58; 2 Pe 3.8; Ap 1.8). Por Deus ter criado o tempo, ele é soberano sobre ele e nossa obrigação é usá-lo com vistas à glória divina.
5. O papel do Filho e do Espírito Santo na criação. Deus Pai foi o agente da criação. Mas o Filho e o Espírito também estiveram ativos nela. Jesus executou a criação (Jo 1.3; 1 Co 8.6; Cl 1.16; Hb 1.2). O Espírito Santo também participou diretamente da criação (Gn 1.2; Jó 33.4; Sl 104.30; 1 Co 2.10).
B. A CRIAÇÃO É DISTINTA DE DEUS, PORÉM SEMPRE DELE DEPENDENTE
A Bíblia ensina que Deus é distinto da sua criação. Não faz parte dela, pois ele a fez e a governa. Deus está bem “acima” da criação, ele é maior do que a criação e independente dela. Mas nem por isso ele deixa de se envolver com a criação, pois ela depende dele para existir e manter-se em atividade. Como soberano e independente criador Deus é transcendente. Como criador envolvido com sua criação, Deus é imanente, pois “permanece dentro” da criação (Jó 12.10; At 17.25, 28; Cl 1.17; Hb 1.3; Ef 4.6).
A doutrina bíblica da criação combate o materialismo (nega a existência de Deus); o panteísmo (tudo é Deus ou faz parte de Deus); o dualismo (Deus e o universo material existem eternamente lado a lado); o deísmo (Deus não está envolvido diretamente na criação).
C. DEUS CRIOU O UNIVERSO PARA REVELAR A SUA GLÓRIA
Deus nos criou para a sua glória (Is 43.7). Mas Deus não criou apenas os seres humanos para a sua glória, mas toda a criação (Sl 19.1-2). Por isso, toda a criação glorifica a Deus: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Ap 4.11). A criação mostra o grande poder e a grande sabedoria de Deus, bem acima de qualquer coisa que qualquer criatura possa imaginar. Deus não precisava, mas criou tudo para o seu deleite.Isso explica por que temos prazer em todos os tipos de atividades criativas. Gostamos de apreciar o que criamos. Apenas os humanos têm capacidade de criar coisas novas.
D. O UNIVERSO QUE DEUS CRIOU ERA “MUITO BOM”
No final de cada estágio da criação, Deus via que o que fizera era “bom” (Gn 1.4, 10, 12, 18, 21, 25). Ao final dos seis dias da criação ele aprovou tudo: “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom” (Gn 1.31).
Apesar do pecado, a criação material continua boa (1 Tm 4.1-5). Logo depois de alertar sobre o desejo de ser rico e o amor ao dinheiro (1 Tm 6.9-10), Paulo afirma que Deus fez tudo para o nosso prazer (1 Tm 6.17). Isso mostra a boa relação que devemos manter com a criação. Mas não podemos esquecer que os bens materiais são temporários. Somente em Deus devemos depositar nossas esperanças (Sl 62.10).
E. A RELAÇÃO ENTRE AS ESCRITURAS E A CIÊNCIA
Ao longo da história, a ciência tem feito grandes descobertas sobre o universo. Pessoas como Isaac Newton, Galileu Galilei, Johannes Kepler, Blaise Pascal, Robert Boyle, Michael Faraday, James Clerk Maxwell e muitas outras, têm contribuído para essa relação entre Ciência e Bíblia.
Por outro lado podemos dizer que as declarações dos cientistas sobre a criação e a história primitiva da terra, são na melhor das hipóteses, especulações eruditas, pois a criação não é algo que se possa repetir num experimento de laboratório, nem houve observadores humanos que a presenciassem.
O único observador desses acontecimentos foi o próprio Deus. Ele deixou que esses fatos fossem relatados nas Escrituras Sagradas, que apresentam os acontecimentos exatamente como eles se apresentam diante do observador humano. A Bíblia diz: “O sol se levanta e o sol se põe, e depressa volta ao lugar de onde se levanta” (Ec 1.5).
1. Não há conflitos entre as Escrituras e a Ciência. Corretamente compreendidos todos os fatos, não haverá nenhum conflito definitivo entre as Escrituras e a ciência natural. Porém, devido a complexidade do assunto, há vários pontos de discordância entre os cristãos:
a) Existe a possibilidade de Deus ter criado um universo “adulto”.
b) Existe a possibilidade de intervalo entre Gênesis 1.1 e 1.2, ou entre 1.2 e 1.3.
c) Existe a possibilidade de um dia longo em Gênesis 1.
d) O sentido da palavra “espécie” em Gênesis 1 pode ser bem amplo.
e) Existe a possibilidade da morte de animais antes da queda.
f) Nos trechos em que a palavra hebraica “bara” não é utilizada, existe a possibilidade de seqüência a partir de coisas previamente existentes.
Se investigarmos cientificamente os fatos do mundo criado corretamente, sempre se revelarão coerentes com a Bíblia. Da mesma forma podemos investigar o conteúdo bíblico sem medo de contradizer-se com o mundo natural. A compreensão de alguns fatos “científicos” é uma questão de fé (Hb 11.3).
2. Teorias sobre a criação incompatíveis com as Escrituras. Examinaremos três tipos de explicação da teoria do universo que parecem nitidamente incompatíveis com as Escrituras.
a) Teorias seculares. Teoria “secular” é qualquer teoria da origem do universo que não considera que um Deus pessoal e infinito é o responsável pela criação segundo desígnios inteligentes. A teoria do “bigue-bangue” ou dizer que a matéria sempre existiu, como também a teoria da evolução darwiniana se inclui nisso.
b) Evolução teísta. Desde a publicação do livro A Origem das Espécies por meio da Seleção Natural (1859), alguns cristãos têm acreditado que alguns os organismos vivos surgiram pelo processo evolutivo proposto por Darwin. Segundo essa teoria Deus orientou esse processo: (1) criando a matéria, (2) criando a mais simples forma de vida e (3) criando o homem.
Objeções à evolução teísta:
a) A Bíblia nos ensina que Deus fez tudo com um propósito. Isso parece incompatível com a teoria teísta da evolução que passa a idéia de mutações aleatórias sem propósito definido. A Bíblia diz: “Assim Deus criou os grandes animais aquáticos e os demais seres vivos que povoam as águas, de acordo com as suas espécies; e todas as aves, de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom. E disse Deus: Produza a terra seres vivos de acordo com as suas espécies: rebanhos domésticos, animais selvagens e os demais seres vivos da terra, cada um de acordo com a sua espécie. E assim foi. Deus fez os animais selvagens de acordo com as suas espécies, os rebanhos domésticos de acordo com as suas espécies, e os demais seres vivos da terra de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom” (Gn 1.21, 24-25). Assim, podemos dizer que Deus criou imediatamente cada uma das criaturas, descartando as milhares de tentativas fracassadas.
b) As Escrituras afirmam que a palavra criadora de Deus gerava resultado imediato (Sl 33.6, 9). Não há lugar para supor que Deus falou e depois de milhões de anos as coisas aconteceram em mutações aleatórias. Antes, quando Deus ordena “Cubra-se a terra de vegetação”, já o próximo período nos diz: “E assim foi” (Gn 1.11).
c) A Bíblia mostra Deus completamente envolvido com toda a criação (Êx 4.11; Sl 104.14, 21, 27-30; 139.13; Mt 6.26, 30). Será coerente dizer que tudo foi gerado por um processo evolutivo dirigido pela mutação aleatória, e não pela criação direta e deliberada de Deus, e que só depois de tê-las criado é que ele passou a envolver-se ativamente na direção de cada momento delas?
d) A criação especial de Adão e Eva é forte motivo para recusar a evolução teísta. Eles eram bem diferentes das criaturas animalescas e quase nada humanas que os evolucionistas diriam serem os primeiros homens, criaturas descendentes de ancestrais que não passavam de seres simiescos altamente desenvolvidos, mas não humanos. A Bíblia diz que o primeiro homem e a primeira mulher, Adão e Eva, possuíam capacidades lingüísticas, morais e espirituais altamente desenvolvidas desde o momento em que foram criados. Conversavam entre si e falavam até mesmo com Deus.
c) A teoria darwiniana da evolução. A palavra evolução pode ser usada de maneiras diversas. Às vezes é usada como referência à “micro evolução”, pequenos desenvolvimentos dentro de uma única espécie. Mas não é esse o sentido em que a palavra evolução é geralmente usada na discussão de teorias de criação e evolução.
O termo evolução é mais comumente usado para referir-se à “macroevolução” – ou seja, a “teoria geral da evolução”, que diz que “substâncias não vivas deram origem ao primeiro material vivo e que se reproduziu. É nesse sentido que uso a palavra evolução neste estudo.
A imutabilidade das espécies, o testemunho dos fósseis, as estruturas moleculares, são uma pedra no sapato da teoria da evolução. Sobre essa teoria, alguém disse: “Um organismo vivo surgir por acaso a partir de um caldo pré-biótico é mais ou menos tão provável quanto ‘um tornado varrer um ferro-velho e montar um Boeing 747 com o material ali existente’. A montagem aleatória não passa de uma forma naturalista de dizer ‘milagre’”.
A teoria da evolução exerce influências altamente destrutivas sobre o pensamento moderno. Se não fomos criados por Deus e somos apenas resultado de eventos aleatórios do universo, então qual a importância da vida humana? Não temos valor eterno e não somos moralmente responsáveis. Não há certo e errado. Desse jeito, o cosmos é um caos. O cuidado pelos fracos e doentes perde o sentido.
d) A teoria do “intervalo” entre Gênesis 1.1 e 1.2. Alguns evangélicos propõem que existe um intervalo de milhões de anos entre estes dois versículos. Segundo essa tese, Deus teria feito uma criação anterior, mas houve uma rebelião (provavelmente ligada à própria rebelião de Satanás), e Deus julgou a terra que ficou “sem forma e vazia”. A semana da criação em Gênesis 1 trata da segunda criação, ocorrida recentemente (talvez 10.000 ou 20.000 anos atrás). Os fósseis antigos encontrados na terra (4.500.000.000) são da primeira criação.
Esses argumentos não parecem convincentes. Se Deus forma a terra (Gn 1.1) e depois cria a luz (v. 3), necessariamente haveria trevas sobre a terra no versículo 2 – a criação está em curso. A expressão “sem forma e vazia” significam que a terra ainda não estava pronta para ser habitada.
Outros argumentos contra a teoria do intervalo:
1. Nenhum versículo das Escrituras falam explicitamente de uma criação anterior.
2. Em Gênesis 1.31, quando Deus conclui a sua obra de criação, lemos: “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom”. Segundo a teoria do intervalo, Deus estaria olhando para uma terra cheia de juízo e demônios. Seria difícil ele achar tudo aquilo muito bom. Além disso, Gênesis 2.1 diz que a narrativa de Gênesis 1 resume toda a criação do universo.
3. Tudo o que Deus criou nos céus e na terra, está descrito na narrativa do primeiro capítulo de Gênesis (Êx 20.11). É verdade que a Bíblia fala do juízo de Deus contra anjos rebeldes (2 Pe 2.4), mas esse juízo não aparece num tempo anterior à narrativa da criação em Gênesis 1.2-31.
4. Essa teoria precisa supor que a primeira criação de milhões de anos fracassou sem cumprir o propósito de Deus e não contou com a presença de Adão e Eva, o aspecto mais elevado da criação. Isso tudo parece incompatível com o retrato bíblico de Deus.
3. A idade da terra: algumas considerações preliminares. Qual a idade da terra? Antes, vamos resumir os assuntos anteriores:
(1) Deus criou o universo do nada;
(2) A criação é distinta de Deus, porém sempre dependente de Deus;
(3) Deus criou o universo para revelar a sua glória;
(4) O universo que Deus criou era muito bom;
(5) Não haverá conflito definitivo entre as Escrituras e a ciência;
(6) As teorias seculares que negam Deus como Criador, incluindo a evolução darwiniana, são nitidamente incompatíveis com a fé na Bíblia.
Existem duas opções sobre a idade da terra: a) a teoria da “terra antiga”, que se alinha com o consenso da ciência moderna, defendendo que a terra tem 4.500.000.000 de anos de idade; e a teoria da “terra jovem”, que diz que a terra tem entre 10.000 e 20.000 anos. A diferença entre as duas concepções é grande.
a) Existem lacunas nas genealogias da Bíblia. Não se consegue a idade da terra somando a idade das pessoas alistadas na Bíblia. As genealogias relacionam somente os nomes que os autores bíblicos consideravam importantes registrar, segundo os seus objetivos (Mt 1.20).
b) A idade da raça humana. As atuais estimativas científicas dizem que o homem surgiu na terra por volta de 2,5 milhões de anos. Certamente é difícil afirmar que ele esteve aqui antes de 10.000 a.C.
c) Os animais morreram antes da Queda? Para os que crêem na tese da terra jovem, a morte na natureza anda próxima da Queda do homem (Gn 3.17-19; Rm 8.20-23). Já para os defensores da tese da terra antiga, não sabemos se Deus criou os animais sujeitos ao envelhecimento e à morte desde o início ou se isso só aconteceu depois do pecado (Gn 2.17; Rm 5.12).
d) E os dinossauros? Os cientistas dizem que os dinossauros foram extintos há cerca de 65 milhões de anos. Os defensores da terra jovem discordam disso, pois crêem que os dinossauros foram contemporâneos de Adão e Eva. Teria Adão dado nome aos dinossauros? (Gn 2.19-20).
e) Será que os dias da criação tinham vinte e quatro horas? Os defensores da terra antiga propõem que os “seis” dias de Gênesis 1 se referem a longos períodos de tempo, milhões de anos. Mas, o contexto deixa claro que se trata de um período de um dia como conhecemos.
Argumentos em favor da interpretação de “dia” como um período de vinte e quatro horas em Gênesis 1:
1. Cada dia de Gênesis 1 termina com uma expressão do tipo: “Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia” (Gn 1.5, 8, 13, 19, 23 e 31).
2. O terceiro dia não pode ter sido muito longo, pois as plantas precisam de luz e o sol só foi criado no quarto dia.
3. É difícil evitar a conclusão de que nos Dez Mandamentos a palavra dia significa um período de vinte e quatro horas (Êx 20.8-11).
4. Em Marcos 10.6 Jesus pode estar dizendo que Adão e Eva foram criados no início da criação e não bilhões de anos depois.
Hoje, tanto a tese da “terra antiga” quanto a da “terra jovem” têm argumentos fortes e são opções válidas para os cristãos que crêem na Bíblia. Na verdade precisamos de uma melhor compreensão desse assunto tão profundo.
F. APLICAÇÃO
“Grandes são as obras do SENHOR; nelas meditam todos os que as apreciam” (Sl 111.2).
A doutrina da criação tem muitas aplicações para nós hoje. Podemos perceber que o universo material é bom em si mesmo. Uma apreciação saudável da criação nos afastará do falso ascetismo (At 2.46).
Aprendemos também com essa doutrina que Deus é o soberano do universo que ele mesmo criou. A ele devemos tudo o que somos e o que temos. A ele devemos louvar e adorar sempre.
Uma definição para a doutrina da criação diz: “Deus criou todo o universo do nada; este era originariamente muito bom, e ele o criou para glorificar a si mesmo”.
A. DEUS CRIOU O UNIVERSO DO NADA
1. Provas bíblicas da criação a partir do nada. Deus criou tudo do nada. No universo não existe matéria eterna. Antes da criação nada existia além do próprio Deus (Gn 1.1; Sl 90.2). A Bíblia diz: “Mediante a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca. Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo surgiu” (Sl 33.6, 9). A Bíblia ainda diz: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele (Jesus); sem ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1.3; At 17.24; Hb 11.3). Deus criou o mundo do nada com sentido e propósito. Um desses propósitos é nos proporcionar satisfação (1 Tm 6.17).
2. A criação do universo espiritual. A criação do universo, inclui um reino de existência invisível e espiritual. A Bíblia diz: “Só tu és o SENHOR. Fizeste os céus, e os mais altos céus, e tudo o que neles há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles existe. Tu deste vida a todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram” (Ne 9.6). O Novo Testamento diz que em Cristo “foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16).
3. A criação direta de Adão e Eva. A Bíblia diz: “Então o SENHOR Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2.7). Depois disso, Deus criou Eva do corpo de Adão: “Então o SENHOR Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a costela que havia tirado do homem, o SENHOR Deus fez uma mulher e a levou até ele” (Gn 2.21-22).
4. A criação do tempo. Deus criou o tempo (a sucessão de momentos consecutivos). Não devemos pensar que antes da criação Deus existisse ao longo de uma infindável extensão de tempo. Ele tem uma existência diferente da nossa. (Veja Jó 36.26; Sl 90.2, 4; Jo 8.58; 2 Pe 3.8; Ap 1.8). Por Deus ter criado o tempo, ele é soberano sobre ele e nossa obrigação é usá-lo com vistas à glória divina.
5. O papel do Filho e do Espírito Santo na criação. Deus Pai foi o agente da criação. Mas o Filho e o Espírito também estiveram ativos nela. Jesus executou a criação (Jo 1.3; 1 Co 8.6; Cl 1.16; Hb 1.2). O Espírito Santo também participou diretamente da criação (Gn 1.2; Jó 33.4; Sl 104.30; 1 Co 2.10).
B. A CRIAÇÃO É DISTINTA DE DEUS, PORÉM SEMPRE DELE DEPENDENTE
A Bíblia ensina que Deus é distinto da sua criação. Não faz parte dela, pois ele a fez e a governa. Deus está bem “acima” da criação, ele é maior do que a criação e independente dela. Mas nem por isso ele deixa de se envolver com a criação, pois ela depende dele para existir e manter-se em atividade. Como soberano e independente criador Deus é transcendente. Como criador envolvido com sua criação, Deus é imanente, pois “permanece dentro” da criação (Jó 12.10; At 17.25, 28; Cl 1.17; Hb 1.3; Ef 4.6).
A doutrina bíblica da criação combate o materialismo (nega a existência de Deus); o panteísmo (tudo é Deus ou faz parte de Deus); o dualismo (Deus e o universo material existem eternamente lado a lado); o deísmo (Deus não está envolvido diretamente na criação).
C. DEUS CRIOU O UNIVERSO PARA REVELAR A SUA GLÓRIA
Deus nos criou para a sua glória (Is 43.7). Mas Deus não criou apenas os seres humanos para a sua glória, mas toda a criação (Sl 19.1-2). Por isso, toda a criação glorifica a Deus: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Ap 4.11). A criação mostra o grande poder e a grande sabedoria de Deus, bem acima de qualquer coisa que qualquer criatura possa imaginar. Deus não precisava, mas criou tudo para o seu deleite.Isso explica por que temos prazer em todos os tipos de atividades criativas. Gostamos de apreciar o que criamos. Apenas os humanos têm capacidade de criar coisas novas.
D. O UNIVERSO QUE DEUS CRIOU ERA “MUITO BOM”
No final de cada estágio da criação, Deus via que o que fizera era “bom” (Gn 1.4, 10, 12, 18, 21, 25). Ao final dos seis dias da criação ele aprovou tudo: “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom” (Gn 1.31).
Apesar do pecado, a criação material continua boa (1 Tm 4.1-5). Logo depois de alertar sobre o desejo de ser rico e o amor ao dinheiro (1 Tm 6.9-10), Paulo afirma que Deus fez tudo para o nosso prazer (1 Tm 6.17). Isso mostra a boa relação que devemos manter com a criação. Mas não podemos esquecer que os bens materiais são temporários. Somente em Deus devemos depositar nossas esperanças (Sl 62.10).
E. A RELAÇÃO ENTRE AS ESCRITURAS E A CIÊNCIA
Ao longo da história, a ciência tem feito grandes descobertas sobre o universo. Pessoas como Isaac Newton, Galileu Galilei, Johannes Kepler, Blaise Pascal, Robert Boyle, Michael Faraday, James Clerk Maxwell e muitas outras, têm contribuído para essa relação entre Ciência e Bíblia.
Por outro lado podemos dizer que as declarações dos cientistas sobre a criação e a história primitiva da terra, são na melhor das hipóteses, especulações eruditas, pois a criação não é algo que se possa repetir num experimento de laboratório, nem houve observadores humanos que a presenciassem.
O único observador desses acontecimentos foi o próprio Deus. Ele deixou que esses fatos fossem relatados nas Escrituras Sagradas, que apresentam os acontecimentos exatamente como eles se apresentam diante do observador humano. A Bíblia diz: “O sol se levanta e o sol se põe, e depressa volta ao lugar de onde se levanta” (Ec 1.5).
1. Não há conflitos entre as Escrituras e a Ciência. Corretamente compreendidos todos os fatos, não haverá nenhum conflito definitivo entre as Escrituras e a ciência natural. Porém, devido a complexidade do assunto, há vários pontos de discordância entre os cristãos:
a) Existe a possibilidade de Deus ter criado um universo “adulto”.
b) Existe a possibilidade de intervalo entre Gênesis 1.1 e 1.2, ou entre 1.2 e 1.3.
c) Existe a possibilidade de um dia longo em Gênesis 1.
d) O sentido da palavra “espécie” em Gênesis 1 pode ser bem amplo.
e) Existe a possibilidade da morte de animais antes da queda.
f) Nos trechos em que a palavra hebraica “bara” não é utilizada, existe a possibilidade de seqüência a partir de coisas previamente existentes.
Se investigarmos cientificamente os fatos do mundo criado corretamente, sempre se revelarão coerentes com a Bíblia. Da mesma forma podemos investigar o conteúdo bíblico sem medo de contradizer-se com o mundo natural. A compreensão de alguns fatos “científicos” é uma questão de fé (Hb 11.3).
2. Teorias sobre a criação incompatíveis com as Escrituras. Examinaremos três tipos de explicação da teoria do universo que parecem nitidamente incompatíveis com as Escrituras.
a) Teorias seculares. Teoria “secular” é qualquer teoria da origem do universo que não considera que um Deus pessoal e infinito é o responsável pela criação segundo desígnios inteligentes. A teoria do “bigue-bangue” ou dizer que a matéria sempre existiu, como também a teoria da evolução darwiniana se inclui nisso.
b) Evolução teísta. Desde a publicação do livro A Origem das Espécies por meio da Seleção Natural (1859), alguns cristãos têm acreditado que alguns os organismos vivos surgiram pelo processo evolutivo proposto por Darwin. Segundo essa teoria Deus orientou esse processo: (1) criando a matéria, (2) criando a mais simples forma de vida e (3) criando o homem.
Objeções à evolução teísta:
a) A Bíblia nos ensina que Deus fez tudo com um propósito. Isso parece incompatível com a teoria teísta da evolução que passa a idéia de mutações aleatórias sem propósito definido. A Bíblia diz: “Assim Deus criou os grandes animais aquáticos e os demais seres vivos que povoam as águas, de acordo com as suas espécies; e todas as aves, de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom. E disse Deus: Produza a terra seres vivos de acordo com as suas espécies: rebanhos domésticos, animais selvagens e os demais seres vivos da terra, cada um de acordo com a sua espécie. E assim foi. Deus fez os animais selvagens de acordo com as suas espécies, os rebanhos domésticos de acordo com as suas espécies, e os demais seres vivos da terra de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom” (Gn 1.21, 24-25). Assim, podemos dizer que Deus criou imediatamente cada uma das criaturas, descartando as milhares de tentativas fracassadas.
b) As Escrituras afirmam que a palavra criadora de Deus gerava resultado imediato (Sl 33.6, 9). Não há lugar para supor que Deus falou e depois de milhões de anos as coisas aconteceram em mutações aleatórias. Antes, quando Deus ordena “Cubra-se a terra de vegetação”, já o próximo período nos diz: “E assim foi” (Gn 1.11).
c) A Bíblia mostra Deus completamente envolvido com toda a criação (Êx 4.11; Sl 104.14, 21, 27-30; 139.13; Mt 6.26, 30). Será coerente dizer que tudo foi gerado por um processo evolutivo dirigido pela mutação aleatória, e não pela criação direta e deliberada de Deus, e que só depois de tê-las criado é que ele passou a envolver-se ativamente na direção de cada momento delas?
d) A criação especial de Adão e Eva é forte motivo para recusar a evolução teísta. Eles eram bem diferentes das criaturas animalescas e quase nada humanas que os evolucionistas diriam serem os primeiros homens, criaturas descendentes de ancestrais que não passavam de seres simiescos altamente desenvolvidos, mas não humanos. A Bíblia diz que o primeiro homem e a primeira mulher, Adão e Eva, possuíam capacidades lingüísticas, morais e espirituais altamente desenvolvidas desde o momento em que foram criados. Conversavam entre si e falavam até mesmo com Deus.
c) A teoria darwiniana da evolução. A palavra evolução pode ser usada de maneiras diversas. Às vezes é usada como referência à “micro evolução”, pequenos desenvolvimentos dentro de uma única espécie. Mas não é esse o sentido em que a palavra evolução é geralmente usada na discussão de teorias de criação e evolução.
O termo evolução é mais comumente usado para referir-se à “macroevolução” – ou seja, a “teoria geral da evolução”, que diz que “substâncias não vivas deram origem ao primeiro material vivo e que se reproduziu. É nesse sentido que uso a palavra evolução neste estudo.
A imutabilidade das espécies, o testemunho dos fósseis, as estruturas moleculares, são uma pedra no sapato da teoria da evolução. Sobre essa teoria, alguém disse: “Um organismo vivo surgir por acaso a partir de um caldo pré-biótico é mais ou menos tão provável quanto ‘um tornado varrer um ferro-velho e montar um Boeing 747 com o material ali existente’. A montagem aleatória não passa de uma forma naturalista de dizer ‘milagre’”.
A teoria da evolução exerce influências altamente destrutivas sobre o pensamento moderno. Se não fomos criados por Deus e somos apenas resultado de eventos aleatórios do universo, então qual a importância da vida humana? Não temos valor eterno e não somos moralmente responsáveis. Não há certo e errado. Desse jeito, o cosmos é um caos. O cuidado pelos fracos e doentes perde o sentido.
d) A teoria do “intervalo” entre Gênesis 1.1 e 1.2. Alguns evangélicos propõem que existe um intervalo de milhões de anos entre estes dois versículos. Segundo essa tese, Deus teria feito uma criação anterior, mas houve uma rebelião (provavelmente ligada à própria rebelião de Satanás), e Deus julgou a terra que ficou “sem forma e vazia”. A semana da criação em Gênesis 1 trata da segunda criação, ocorrida recentemente (talvez 10.000 ou 20.000 anos atrás). Os fósseis antigos encontrados na terra (4.500.000.000) são da primeira criação.
Esses argumentos não parecem convincentes. Se Deus forma a terra (Gn 1.1) e depois cria a luz (v. 3), necessariamente haveria trevas sobre a terra no versículo 2 – a criação está em curso. A expressão “sem forma e vazia” significam que a terra ainda não estava pronta para ser habitada.
Outros argumentos contra a teoria do intervalo:
1. Nenhum versículo das Escrituras falam explicitamente de uma criação anterior.
2. Em Gênesis 1.31, quando Deus conclui a sua obra de criação, lemos: “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom”. Segundo a teoria do intervalo, Deus estaria olhando para uma terra cheia de juízo e demônios. Seria difícil ele achar tudo aquilo muito bom. Além disso, Gênesis 2.1 diz que a narrativa de Gênesis 1 resume toda a criação do universo.
3. Tudo o que Deus criou nos céus e na terra, está descrito na narrativa do primeiro capítulo de Gênesis (Êx 20.11). É verdade que a Bíblia fala do juízo de Deus contra anjos rebeldes (2 Pe 2.4), mas esse juízo não aparece num tempo anterior à narrativa da criação em Gênesis 1.2-31.
4. Essa teoria precisa supor que a primeira criação de milhões de anos fracassou sem cumprir o propósito de Deus e não contou com a presença de Adão e Eva, o aspecto mais elevado da criação. Isso tudo parece incompatível com o retrato bíblico de Deus.
3. A idade da terra: algumas considerações preliminares. Qual a idade da terra? Antes, vamos resumir os assuntos anteriores:
(1) Deus criou o universo do nada;
(2) A criação é distinta de Deus, porém sempre dependente de Deus;
(3) Deus criou o universo para revelar a sua glória;
(4) O universo que Deus criou era muito bom;
(5) Não haverá conflito definitivo entre as Escrituras e a ciência;
(6) As teorias seculares que negam Deus como Criador, incluindo a evolução darwiniana, são nitidamente incompatíveis com a fé na Bíblia.
Existem duas opções sobre a idade da terra: a) a teoria da “terra antiga”, que se alinha com o consenso da ciência moderna, defendendo que a terra tem 4.500.000.000 de anos de idade; e a teoria da “terra jovem”, que diz que a terra tem entre 10.000 e 20.000 anos. A diferença entre as duas concepções é grande.
a) Existem lacunas nas genealogias da Bíblia. Não se consegue a idade da terra somando a idade das pessoas alistadas na Bíblia. As genealogias relacionam somente os nomes que os autores bíblicos consideravam importantes registrar, segundo os seus objetivos (Mt 1.20).
b) A idade da raça humana. As atuais estimativas científicas dizem que o homem surgiu na terra por volta de 2,5 milhões de anos. Certamente é difícil afirmar que ele esteve aqui antes de 10.000 a.C.
c) Os animais morreram antes da Queda? Para os que crêem na tese da terra jovem, a morte na natureza anda próxima da Queda do homem (Gn 3.17-19; Rm 8.20-23). Já para os defensores da tese da terra antiga, não sabemos se Deus criou os animais sujeitos ao envelhecimento e à morte desde o início ou se isso só aconteceu depois do pecado (Gn 2.17; Rm 5.12).
d) E os dinossauros? Os cientistas dizem que os dinossauros foram extintos há cerca de 65 milhões de anos. Os defensores da terra jovem discordam disso, pois crêem que os dinossauros foram contemporâneos de Adão e Eva. Teria Adão dado nome aos dinossauros? (Gn 2.19-20).
e) Será que os dias da criação tinham vinte e quatro horas? Os defensores da terra antiga propõem que os “seis” dias de Gênesis 1 se referem a longos períodos de tempo, milhões de anos. Mas, o contexto deixa claro que se trata de um período de um dia como conhecemos.
Argumentos em favor da interpretação de “dia” como um período de vinte e quatro horas em Gênesis 1:
1. Cada dia de Gênesis 1 termina com uma expressão do tipo: “Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia” (Gn 1.5, 8, 13, 19, 23 e 31).
2. O terceiro dia não pode ter sido muito longo, pois as plantas precisam de luz e o sol só foi criado no quarto dia.
3. É difícil evitar a conclusão de que nos Dez Mandamentos a palavra dia significa um período de vinte e quatro horas (Êx 20.8-11).
4. Em Marcos 10.6 Jesus pode estar dizendo que Adão e Eva foram criados no início da criação e não bilhões de anos depois.
Hoje, tanto a tese da “terra antiga” quanto a da “terra jovem” têm argumentos fortes e são opções válidas para os cristãos que crêem na Bíblia. Na verdade precisamos de uma melhor compreensão desse assunto tão profundo.
F. APLICAÇÃO
“Grandes são as obras do SENHOR; nelas meditam todos os que as apreciam” (Sl 111.2).
A doutrina da criação tem muitas aplicações para nós hoje. Podemos perceber que o universo material é bom em si mesmo. Uma apreciação saudável da criação nos afastará do falso ascetismo (At 2.46).
Aprendemos também com essa doutrina que Deus é o soberano do universo que ele mesmo criou. A ele devemos tudo o que somos e o que temos. A ele devemos louvar e adorar sempre.