O Caráter de Deus - Seus atributos

Em que aspectos Deus é diferente de nós? É importante atentar para os nomes de Deus na Bíblia, pois nas Escrituras Sagradas, o nome representa o caráter da pessoa. Por isso é que não podemos tomar em vão o nome do Senhor (Êx 20.7), e devemos orar para que o seu nome seja Santificado (Mt 6.9). Cada nome de Deus na Bíblia mostra um aspecto de seu caráter.

Muitos dos nomes de Deus são tirados da criação, pois toda a criação está cheia da sua glória (Is 6.3). Deus é comparado a uma rocha (Dt 32.4), a uma águia (Dt 32.11), à luz (Sl 27.1), a uma fonte (Sl 36.9), ao sol (Sl 84.11), a um escudo (Sl 84.11), a uma sombra (Sl 91.1), a um abrigo (Sl 119.114), a um leão (Is 31.4), a um cordeiro (Is 53.7), a uma torre (Pv 18.10), a uma galinha (Mt 23.37), ao fogo (Hb 12.29), a um templo (Ap 21.22), a uma lâmpada (Ap 21.23), à estrela da manhã (Ap 22.16) e assim por diante.

As experiências humanas também são usadas para descreverem o caráter de Deus. Deus é como um guerreiro (Êx 15.3), é comparado a um médico (Êx 15.26), é chamado de Pai (Dt 32.6), é comparado a um pastor (Sl 23.1), é chamado de juiz e rei (Is 33.22), é chamado de marido (Is 54.5), é comparado a um noivo (Is 61.10), é chamado de arquiteto e edificador (Hb 11.10) e assim por diante.

As ações humanas também ilustram o caráter de Deus: Ele ver (Gn 1.10), lembra (Gn 8.1; Êx 2.24), cheira (Gn 8.21), sabe (Gn 18.21), ouve (Êx 2.24), anda (Lv 26.12), prova (Sl 11.5), levanta-se (Sl 68.1), enxuga lágrimas (Is 25.8) e assim por diante.

Emoções humanas também são atribuídas a Deus: ira (Sl 2.5; Jr 7.18-19), tristeza (Sl 78.40; Is 63.10), alegria (Is 62.5), ódio (Ml 2.16), amor (Jo 3.16) e assim por diante.

As Escrituras também usam partes do corpo humano para descrever as atividades de Deus de modo metafórico: coração (Gn 6.6), dedo (Êx 8.19), braço (Êx 16.15), face (Êx 33.20), costas (Êx 33.23), boca (Dt 8.3), lábios (Jó 11.5), olhos (Sl 11.4), língua (Is 30.27), ouvido (Is 59.1), pés (Is 66.1), rosto (Jr 18.17) e assim por diante.

Todas essas referências mostram que podemos aprender muito de Deus na criação e no homem. Também nos mostram que aquilo que sabemos sobre Deus nos vem de forma compreensível. A Bíblia fala de Deus em termos antropomórficos – ou seja, usa linguagem que fala de Deus em termos humanos.

Dessa forma, como dizem alguns teólogos: “Deus tem muitos nomes, mas não tem nome nenhum”. Os muitos nomes são tentativas de descrever seu caráter; mas ao mesmo tempo Deus não tem nenhum nome, porque nenhum nome é capaz de descrever plenamente o caráter de Deus.

1. Independência. Deus se autodesigna como “Eu Sou o que Sou” (Êx 3.14, 12). Ele não precisa de nós nem do restante da criação para nada. Antes da criação havia um compartilhamento perfeito entre os membros da Trindade (Jo 17.5, 24). Tudo é de Deus e depende dele. Ele é o Criador; tudo o mais são criaturas (Jó 41.11; Sl 50.10-12; At 17.24-25; Ap 4.11).

Mas não somos insignificantes. Podemos glorificar a Deus e dar-lhe alegria (Is 43.7; Sf 3.17; Ef 1.11-12; Ap 4.11).

2. Imutabilidade. Deus é imutável no seu ser, nas suas perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas; porém, Deus age e sente emoções, e age e sente de modos diversos diante de situações diferentes. Deus é sempre o mesmo (Sl 102.25-27; Hb 1.11-12; 13.8; Ml 3.6; Tg 1.17). Deus não muda em seus propósitos (Sl 33.11; Ef 1.4; 2 Tm 2.19; Ap 13.8). Deus não muda em suas promessas (Nm 23.19; 1 Sm 15.29).

Será que Deus às vezes muda de idéia? (Gn 6.6; Êx 32.9-14; 1 Sm 15.10-11, 29; Is 38.1-6; Jn 3.4, 10). Em suas relações com os homens Deus sempre revela a verdade no que diz, mas quando os homens mudam para fazerem a vontade de Deus, ele muda em relação aos homens.

Deus é ao mesmo tempo infinito e pessoal. Os deuses da mitologia grega e romana eram pessoais, mas não infinitos: tinham fraquezas e falhas morais. O deísmo retrata um Deus infinito, mas muito afastado do mundo para envolver-se pessoalmente com ele. O panteísmo sustenta que Deus é infinito, mas não pessoal. A Bíblia diz que Deus é ao mesmo tempo infinito e pessoal. Ele não muda em seu ser, perfeições propósitos e promessas, mas ele é pessoal, pois se relaciona com os homens.

A imutabilidade de Deus tem importância total para nós. Saber que Deus não muda para melhor ou pior, nos dá plena segurança. Se Deus mudasse em suas promessas, como poderíamos acreditar na vida eterna ou em suas promessas futuras? Porque Deus não muda, estamos eternamente seguros. Aleluia!!!

3. Eternidade. Deus não tem princípio nem fim nem sucessão de momentos no seu próprio ser (Sl 90.2), e percebe todo o tempo com igual realismo; ele, porém, percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo (Ap 1.8; 4.8). Se Deus não muda, então o tempo não muda a Deus. O tempo nada acrescenta ou subtrai a Deus. Se Deus criou tudo, ele é antes de tudo (Gn 1.1; Jo 1.3; 1 Co 8.6; Cl 1.16; Hb 1.2).

Deus percebe todo o tempo com igual realismo (Sl 90.4). Todo o tempo desde a criação é para Deus como se tivesse acabado de acontecer. Veja ainda 2 Pedro 3.8. Tudo o que já aconteceu é como se estivesse acabado de acontecer, e tudo o que está acontecendo é como se continuasse acontecendo aos olhos de Deus, pois ele conhece tudo do passado e do futuro (Is 46.9-10). Assim como podemos folhear um livro lembrando toda a história de anos, Deus vê tudo ao mesmo tempo.

Mas é bom lembrar que Deus percebe os acontecimentos no tempo e no espaço (Gl 4.4-5; At 17.30-31). Deus não se limita ao tempo, mas age no tempo. As profecias mostram que ele é o Senhor do tempo.

Sempre existiremos no tempo, pois as coisas acontecerão numa sucessão de fatos após fatos (Ap 4.10; 21.23, 24, 25, 26; 22.2, 5).

4. Onipresença. Assim como Deus é ilimitado em relação ao tempo, também é ilimitado com relação ao espaço. Chamamos isso de onipresença divina (o prefixo latino oni – significa “tudo”). Deus não tem tamanho nem dimensões espaciais e está presente em cada ponto do espaço com todo o seu ser; ele, porém, age de modos diversos em lugares diferentes.

Deus está presente em todo lugar. Ele diz: “Sou eu apenas um Deus de perto, pergunta o SENHOR, e não também um Deus de longe? Poderá alguém esconder-se sem que eu o veja?, pergunta o SENHOR. Não sou eu aquele que enche os céus e a terra?, pergunta o SENHOR” (Jr 23.23-24). Deus é tanto transcendente quanto imanente. Davi escreveu: “Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá” (Sl 139.7-10). Veja ainda Atos 17.28.

Deus não tem dimensões espaciais. Ele não pode ser contido por espaço nenhum, por maior que seja. O rei Salomão orou dizendo: “Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-te. Muito menos este templo que construí!” (1 Rs 8.27; Is 66.1-2; At 7.48).

Deus está presente em toda parte da sua criação, mas ele é também distinto da criação. É como uma esponja cheia de água. A água está presente em todas as partes da esponja, mas ainda assim é completamente distinta dela.

Deus pode estar presente para punir, como no inferno, pois ele está presente de modos diversos em lugares diversos (Am 9.1-4). Ele também está presente para sustentar todas as coisas (Cl 1.17; Hb 1.3). Sua presença também abençoa (Sl 16.11).

Podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4.20), mas o “céu” é o centro da manifestação do seu caráter e glória. Deus não está “mais presente” no céu que em qualquer outro lugar, mas ele está presente no céu de um modo especial.

Deus é o nosso ambiente, como o mar o é para os peixes e o ar para os pássaros. Gosto das palavras de Hildeberk de Lavardin: “Deus está sobre todas as cousas, sob todas as cousas, fora de todas as cousas, dentro mas não enclausurado; fora mas não excluído; acima, mas não levantado; embaixo, mas não deprimido; inteiramente acima, presidindo; totalmente abaixo, sustentando; totalmente por dentro, preenchendo”.

5. Onisciência. Deus conhece plenamente a si mesmo (1 Co 2.10-11), e todas as coisas reais e possíveis num ato simples e eterno. Deus tem perfeito conhecimento. Ele sabe todas as coisas (Jó 37.16; 1 Jo 3.20).

Deus conhece todas as coisas que existem e todas as coisas que acontecem (2 Cr 16.9; Jó 28.24; Mt 10.29-30; Hb 4.13). Ele conhece o futuro (Is 42.8-9; 46.9-10), e os mínimos detalhes de nossas vidas (Mt 6.8; 10.30).

Davi escreveu sobre o conhecimento que Deus tem de nossa vida: “SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos são bem conhecidos por ti. Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, SENHOR. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir” (Sl 139.1-4, 16).

Deus conhece até o que poderia acontecer, mesmo que não aconteça (1 Sm 23.11-13; 2 Rs 13.18-19; Mt 11.21, 23). O conhecimento de Deus é maravilhoso demais e está além do nosso alcance; é tão elevado que não podemos atingi-lo (Sl 139.6; Is 55.9). Deus está sempre plenamente consciente de tudo. Seu conhecimento jamais muda ou aumenta.

6. Onipotência. Deus faz tudo o que for da sua santa vontade (Sl 115.3). Nada é impossível para Deus (Gn 18.14; Lc 1.37; Mt 19.26). Ele é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Ele é Todo-Poderoso. Essa expressão ocorre cinqüenta e seis vezes na Bíblia. Ela só é usada em relação a Deus. Unicamente Ele é onipotente (2 Co 6.18; Ap 1.8).

Mas Deus não pode fazer nada que negue o seu caráter. Por exemplo, Deus não pode mentir (Tt 1.2; Hb 6.18).

Como é bom saber que Deus tudo pode e que seu poder sempre opera conforme seu ser. Ele é bom, justo e perfeito. Isso nos possibilita confiar nele com segurança, pois jamais usará seu poder com arbitrariedade.

7. Unidade. Mesmo que falemos de diversos atributos de Deus em momentos diferentes, ele não está dividido em partes como se fosse uma coleção de vários atributos, ou algo acrescentado àquilo que Deus realmente é. Deus é a totalidade de seus atributos. Cada atributo é uma forma de descrever um aspecto do caráter de Deus. É uma maneira de assimilar quem é Deus, mas ele é simultaneamente tudo o que os seus atributos dizem que ele é. Essa doutrina nos alerta quanto à tentativa de destacar qualquer atributo de Deus como mais importante do que os outros. Devemos buscar conhecer a Deus em todo o seu ser e não apenas em alguns de seus atributos.

8. Espiritualidade. Deus é espírito (Jo 4.24). Sendo espírito, não podemos conceber Deus em termos de espaço, pois o todo de Deus se encontra em cada ponto do espaço (Sl 139.7-10). Somos proibidos de comparar Deus a qualquer coisa criada, pois ele é diferente de tudo o que criou (Êx 20.4-6; Dt 4.23-24). Nossa semelhança com Deus nos possibilita orar no espírito e adorar pelo Espírito de Deus (1 Co 14.14; Fp 3.3). Nosso espírito pode se unir com o Espírito de Deus e o Espírito de Deus com o nosso (1 Co 6.17; Rm 8.16). Quando morremos vamos à presença do Senhor em espírito (Lc 23.43; Ec 12.7; Hb 12.23; Fp 1.23-24).

9. Invisibilidade. A essência integral de Deus, todo o seu ser espiritual, jamais poderá ser vista por nós, embora Deus se revele a nós por meio de coisas visíveis, criadas. Ninguém jamais viu a Deus (Jo 1.18; 6.46; 1 Jo 4.12), ele é invisível e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver (1 Tm 1.17; 6.16). Mesmo assim Deus revela algo de si por meio de coisas visíveis, criadas. Isso é chamado de Teofania (Gn 18.1-33; 32.28-30; Êx 13.21-22; 24.9-11; Jz 13.21-22; Is 6.1). Mas a maior manifestação de Deus aconteceu na pessoa de Jesus (Jo 1.18). Ele disse: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14.9). Jesus é a imagem do Deus invisível, a expressão exata do seu ser (Cl 1.15; Hb 1.3). Aqui cabe uma pergunta: Veremos a Deus no céu? Jamais o veremos plenamente, pois sua grandeza não tem limites (Sl 145.3). Veremos Jesus (Ap 1.7), mas não está claro em que sentido poderemos “ver” o Pai (Mt 5.8) e o Espírito Santo. Talvez tenhamos que aguardar chegar no céu para saber isso. Mas, mesmo que não tenhamos uma visão exaustiva de Deus no céu, o que veremos será muito real (1 Co 13.12; 1 Jo 3.2; Ap 22.3-4).

10. Sabedoria. Deus sempre escolhe as melhores metas e os melhores meios para alcançar essas metas. As decisões de Deus são sempre sábias, com os melhores resultados, pelos melhores meios possíveis. Deus é chamado de “único Deus sábio” (Rm 16.27). Jó diz que a sabedoria de Deus é profunda (Jó 9.4). Deus criou tudo com sabedoria (Sl 104.24). Cristo é a sabedoria de Deus para nós (1 Co 1.24, 30). A igreja é responsável por tornar conhecida a multiforme sabedoria de Deus (Ef 3.10). A sabedoria de Deus também se revela na vida de cada um de nós (Rm 8.28-29). Deus nos dá sabedoria (Tg 1.5). A sabedoria de Deus vem a nós pela leitura da Bíblia (Sl 19.7). O temor do Senhor nos dá sabedoria (Pv 9.10). A sabedoria nos torna humildes (Pv 11.2). A sabedoria que vem de Deus é pura; ela nos torna pacíficos, amáveis, compreensivos, cheios de misericórdia e de bons frutos, imparciais e sinceros (Tg 3.17).

11. Bondade. Deus é o parâmetro definitivo do que é bom. Tudo o que ele é e faz é digno de aprovação. Só Deus é bom (Lc 18.19). Os salmos freqüentemente afirmam que Deus é bom (Sl 34.8; 100.5; 106.1; 107.1). Deus é bom, então o que ele aprova é bom (Gn 1.31). Podemos experimentar e comprovar que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2).

Deus é a fonte de todo o bem (Tg 1.17). Deus não recusa nenhum bem aos que vivem com integridade (Sl 84.11; Mt 7.11). Mesmo a sua disciplina é para o nosso bem (Hb 12.10). Saber que Deus é bom deve nos encorajar a dar graças em todas as circunstâncias (1 Ts 5.18). Devemos reproduzir esse atributo de Deus e também fazer o bem (Lc 6.27, 33-35; Gl 6.10; 2 Tm 3.17).

12. Amor. “Deus é amor” (1 Jo 4.8). Ele se doa eternamente aos outros. O amor era praticado entre os membros da Trindade antes da criação do mundo (Jo 17.24; 14.31).

Deus nos amou primeiro (1 Jo 4.10, 19; Rm 5.8; Jo 3.16). Ele ama pessoalmente cada um de nós (Gl 2.20). Imitamos esse atributo amando a Deus e ao próximo (Mt 22.37-39; 1 Jo 4.11). O amor a Deus nos leva a obedecer aos seus mandamentos (1 Jo 5.3). Quem ama a Deus não ama o mundo (1 Jo 2.15).

13. Santidade. Deus é separado do pecado. A palavra santo quer dizer separado com um propósito, e era usada para descrever as duas partes do tabernáculo que era um lugar separado. O primeiro recinto era chamado “Santo Lugar”. Era dedicado ao culto a Deus. Mas um véu separava o Santo Lugar do “Santo dos Santos”, o lugar mais santo da presença de Deus (Êx 26.33).

A santidade de Deus é o parâmetro que devemos imitar (Lv 19.2; 1 Pe 1.16). O povo de Deus deve ser santo (Êx 19.4-6). Separado do pecado e consagrado a Deus.

Na nova aliança também devemos seguir a santificação (Hb 12.14). Às vezes precisamos ser disciplinados para isso (Hb 12.10). A natureza da santificação requer separação dos incrédulos no que diz respeito a tudo que não agrada a Deus (2 Co 6.14-7.1). A igreja se fundamenta em Jesus Cristo e deve crescer como um santuário para o Senhor (Ef 2.19-22).

14. Zelo. Fala do comprometimento com a busca do bem-estar de outrem ou de si mesmo. Paulo disse que zelava da igreja com um zelo que vinha de Deus (2 Co 11.2). Deus é zeloso. Ele busca continuamente proteger a sua honra (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24; 5.9). Ele jamais dará sua glória a qualquer pessoa (Is 48.11).

15. Ira. A Bíblia fala com muita freqüência da ira de Deus. Ele odeia tudo o que se opõe ao seu caráter moral. Deus odeia o pecado. Irado, Deus queria destruir a nação de Israel (Êx 32.9-10). A ira de Deus permanece sobre os que rejeitam Jesus (Jo 3.36). “A ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens” (Rm 1.18). A ira de Deus vem sobre os que vivem na desobediência (Cl 3.6).

Devemos louvar a Deus por sua ira. Caso contrário não haveria pecado e a desordem dominaria tudo. É uma virtude odiar o mal e o pecado (Zc 8.17; Hb 1.9). Não devemos temer a ira de Deus, pois Jesus já nos livrou dela (Ef 2.3; Rm 5.10; 1 Ts 1.10; Rm 3.25-26).

16. Vontade. A vontade de Deus tem que ver com a decisão e com a aprovação das coisas que Deus é e faz. Envolve as escolhas divinas do que fazer e do que não fazer.

Em geral, a vontade de Deus é a razão definitiva ou absoluta para qualquer coisa que acontece. Deus faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade (Ef 1.11). Todas as coisas foram criadas pela vontade de Deus (Ap 4.11). “O Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer” (Dn 4.32). As autoridades que existem foram estabelecidas por Deus (Rm 13.1). A morte de Jesus foi segundo a vontade de Deus (At 4.27-28). Às vezes é da vontade de Deus que o cristão sofra (1 Pe 3.17; 4.19). Todos os acontecimentos de nossa vida estão sujeitos à vontade de Deus (Tg 4.13-15).

É importante diferenciar a vontade necessária e a vontade livre de Deus. A vontade necessária de Deus fala de tudo o que ele é e faz. Deus não pode decidir ser diferente do que é, nem deixar de existir. A vontade livre de Deus fala de tudo o que ele deseja sem necessariamente ser conforme a sua vontade, como a criação e a redenção de nossas vidas (Jo 17.5, 24; 1 Co 8.6; Ef 1.12).

Outros aspectos da vontade de Deus, são a vontade secreta e a vontade revelada. Deus mantém muitas coisas encobertas de nós, mas as que ele revelou é para seguirmos (Dt 29.29). Na Oração do Pai Nosso, a petição “Seja feita a tua vontade” (Mt 6.10), refere-se à vontade revelada de Deus. A obediência sempre se refere à vontade revelada de Deus (Mt 7.21; 12.50; Ef 5.17; 1 Jo 5.14). Outras passagens bíblicas falam da vontade secreta de Deus (Tg 4.15; Gn 50.20; 1 Co 4.19; At 21.14; Rm 1.10; 15.32). A própria mensagem do evangelho é escondida ou revelada conforme a vontade de Deus (Mt 11.25-26). Sua vontade revelada é que todos sejam salvos (Mt 11.28; 1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9); mas sua vontade secreta mostra que ele determina os acontecimentos (At 4.28; Rm 9.18).

17. Liberdade. Deus faz tudo o que lhe apraz. Nada pode impedir que ele execute a sua vontade. Ele não está debaixo de nenhuma autoridade nem de nenhuma limitação exterior. Deus dirige o coração do homem para onde ele quer (Pv 21.1).

18. Bem-aventurança. Ser “bem-aventurado” é ser feliz num sentido pleno e magnífico. Deus é feliz (1 Tm 1.11; 6.15). Dizer que Deus é bendito é dizer que ele se deleita plenamente consigo mesmo e com tudo o que reflete o seu caráter. Ele tem plenitude de alegria em si mesmo. Ele tem prazer em sua criação (Gn 1.31). Ele também se alegra em seu povo (Is 62.5; Sf 3.17). Imitamos a bem-aventurança de Deus quando nos deleitamos em tudo o que lhe é agradável.

19. Beleza. A beleza de Deus consiste na soma de todas as qualidades desejáveis. Ele não carece de nada que lhe seja desejável. Ele possui todas as qualidades desejáveis (Sl 27.4; 73.25-26). A maior bênção da cidade celeste será contemplar a face do Cordeiro de Deus (Jesus) (Ap 22.4). Nossa beleza deve ser principalmente interior (Pv 31.30; Tt 2.9-10; 1 Pe 3.3-4).

20. Glória. Glória significa “honra” ou “reputação excelente” (Sl 24.10; 104.1-2; Is 43.7; Mt 17.2; Lc 2.9; Rm 3.23; Jo 17.5; Hb 1.3). Nós participamos dessa glória (Mt 5.16; 2 Co 3.18; Fp 2.15). Veja ainda (Pv 4.18; Dn 12.3; Mt 13.43; 1 Co 15.43).